terça-feira, 30 de setembro de 2025

O valor dos Adjetivos

O valor dos Adjetivos

Autora: Laudicea

Mais uma segunda-feira. Paulo se arrumou para mais um dia de aula: escovou os dentes, lavou o rosto e vestiu o uniforme. Já estava quase na hora da aula começar quando lembrou-se que precisava comprar pão na padaria da esquina para tomar o café.

Eram exatamente 7h15min. quando Paulo saiu de casa. De repente, surgiram alguns homens mascarados que o sequestraram. Em poucos minutos, eles pegaram o celular do aluno e viram os contatos da lista: “amigo Lucas”, “amigo Pedro”, “amiga Luana”, “amado professor Silvano Marcos”. Pensaram: -são com esses mesmos que temos que falar e pedir o resgate.

Eram exatamente 12h15 quando os sequestradores começaram as ligações.

 — Tum, tum, tum!

— Amigo Lucas: — Alô, quem fala?

— Sequestrador: — Sou um sequestrador e estou com seu amigo Paulo. Só o liberarei caso paguem o resgate.

 Lucas fica nervoso e responde que não conhece nenhum Paulo.

 — Sequestrador: Seu amigo Lucas disse que não te conhece...

— Paulo: Como assim? 

Os sequestradores continuaram e ligaram para o próximo contato.

 — Tum, tum, tum!

— Amigo Pedro: Alô, quem fala?

— Sequestrador: Sou um sequestrador e estou com seu amigo Paulo. Só o liberarei mediante pagamento do resgate. 

Pedro também fica assustado e diz que não conhece nenhum Paulo.

 — Sequestrador: Seu amigo Pedro também disse que não te conhece...

— Paulo: Que amigos são esses?

         Mais uma ligação.

 — Tum, tum, tum!

— Amiga Luana: Alô, quem fala?

— Sequestrador: Sou um sequestrador e estou com seu amigo Paulo. Só o liberarei se pagarem o resgate. 

Luana corre até o professor e conta tudo:

 — Um sequestrador ligou dizendo que está com o Paulo. Só vai soltá-lo se pagarem o resgate. 

O professor fica nervoso e começa a orar, pedindo a Deus sabedoria. Depois de se acalmar, pergunta a Luana como tudo aconteceu. Nesse momento o telefone do professor toca.

 — Tum, tum, tum!

— Professor: Alô, quem fala?

— Sequestrador: Sou um sequestrador e estou com seu aluno Paulo. Só o liberarei mediante pagamento do resgate. 

O professor então lembra: Paulo é um aluno que faz bagunça, atrapalha as aulas, não escreve, é indisciplinado. Pensou, por um instante: “essa é a oportunidade de não vê-lo mais e ficar em paz nas minhas aulas.” Mas logo se arrepende e reflete sobre sua missão como professor. Decide então perguntar ao sequestrador qual é o valor do resgate.

 O sequestrador exigiu um valor muito alto.

— Professor: Nem todo o meu salário de um ano chegaria a essa quantia.

— Sequestrador: Diga-me ao menos: Paulo é um bom aluno nas aulas? 

Nesse momento, Paulo fica ainda mais angustiado por saber que seu comportamento não era adequado. 

Há um silêncio. 

— Sequestrador:  Alguém na linha?

— Professor: — Sim, estou aqui. 

A professora pensa nos adjetivos que descreveriam Paulo. Na primeira reação, lhe ocorrem palavras negativas: péssimo, prejudicial, desagradável, inadequado, interesseiro, procrastinador, mau, ruim... Mas ela percebe que, se disser isso, pode colocar a vida do aluno em risco. Então decide escolher outras palavras. 

— Professor: Paulo é um aluno inteligente, estudioso, excelente, maravilhoso, agradável, bom, feliz, correto e generoso.

O sequestrador ouviu atentamente cada palavra do professor. Houve um longo silêncio do outro lado da linha. Então, de repente, Paulo começou a rir: 

— Sequestrador: Professor, não se preocupe. Esse não foi um sequestro de verdade. Foi apenas um teste para saber qual seria a atitude de um professor na hora de salvar um aluno.

Logo em seguida, Paulo foi libertado, correu até a escola e abraçou o professor, emocionado.

 — Paulo: Professoro, eu não sabia que o senhor pensava isso de mim.

 O professor sorriu e respondeu: 

— Professor: Paulo, hoje você teve a chance de ver o quanto as palavras importam. Os adjetivos que usamos podem machucar, mas também podem salvar. 

A partir daquele dia, Paulo mudou seu comportamento: passou a estudar, ajudar os colegas e participar com respeito das aulas, pois entendeu o real valor de um o professor.


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