O valor dos Adjetivos
Autora: Laudicea
Mais uma segunda-feira. Paulo se arrumou para mais um dia de aula: escovou os dentes, lavou o rosto e vestiu o uniforme. Já estava quase na hora da aula começar quando lembrou-se que precisava comprar pão na padaria da esquina para tomar o café.
Eram exatamente 7h15min. quando Paulo saiu de casa. De repente, surgiram alguns homens mascarados que o sequestraram. Em poucos minutos, eles pegaram o celular do aluno e viram os contatos da lista: “amigo Lucas”, “amigo Pedro”, “amiga Luana”, “amado professor Silvano Marcos”. Pensaram: -são com esses mesmos que temos que falar e pedir o resgate.
Eram exatamente 12h15
quando os sequestradores começaram as ligações.
— Amigo Lucas: — Alô, quem fala?
— Sequestrador: — Sou um sequestrador e
estou com seu amigo Paulo. Só o liberarei caso paguem o resgate.
— Paulo: Como assim?
Os sequestradores continuaram e ligaram
para o próximo contato.
— Amigo Pedro: Alô, quem fala?
— Sequestrador: Sou um sequestrador e estou com seu amigo Paulo. Só o liberarei mediante pagamento do resgate.
Pedro também fica
assustado e diz que não conhece nenhum Paulo.
— Paulo: Que amigos
são esses?
— Amiga Luana: Alô, quem fala?
— Sequestrador: Sou um sequestrador e estou com seu amigo Paulo. Só o liberarei se pagarem o resgate.
Luana corre até o professor e conta
tudo:
O professor fica
nervoso e começa a orar, pedindo a Deus sabedoria. Depois de se acalmar,
pergunta a Luana como tudo aconteceu. Nesse momento o telefone do professor toca.
— Professor: Alô, quem fala?
— Sequestrador: Sou um sequestrador e estou com seu aluno Paulo. Só o liberarei mediante pagamento do resgate.
O professor então
lembra: Paulo é um aluno que faz bagunça, atrapalha as aulas, não escreve, é
indisciplinado. Pensou, por um instante: “essa é a oportunidade de não vê-lo
mais e ficar em paz nas minhas aulas.” Mas logo se arrepende e reflete sobre
sua missão como professor. Decide então perguntar ao sequestrador qual é o
valor do resgate.
— Professor: Nem todo o meu salário
de um ano chegaria a essa quantia.
— Sequestrador: Diga-me ao menos: Paulo é um bom aluno nas aulas?
Nesse momento, Paulo fica ainda mais angustiado por saber que seu comportamento não era adequado.
Há um silêncio.
— Sequestrador: Alguém na linha?
— Professor: — Sim, estou aqui.
A professora pensa nos adjetivos que descreveriam Paulo. Na primeira reação, lhe ocorrem palavras negativas: péssimo, prejudicial, desagradável, inadequado, interesseiro, procrastinador, mau, ruim... Mas ela percebe que, se disser isso, pode colocar a vida do aluno em risco. Então decide escolher outras palavras.
— Professor: Paulo é um aluno inteligente, estudioso, excelente, maravilhoso, agradável, bom, feliz, correto e generoso.
O sequestrador ouviu atentamente cada palavra do professor. Houve um longo silêncio do outro lado da linha. Então, de repente, Paulo começou a rir:
— Sequestrador: Professor, não se preocupe. Esse não foi um sequestro de verdade. Foi apenas um teste para saber qual seria a atitude de um professor na hora de salvar um aluno.
Logo em seguida, Paulo foi libertado, correu até a escola e abraçou o professor, emocionado.
— Professor: Paulo, hoje você teve a chance de ver o quanto as palavras importam. Os adjetivos que usamos podem machucar, mas também podem salvar.
A partir daquele dia, Paulo mudou seu comportamento: passou a estudar, ajudar os colegas e participar com respeito das aulas, pois entendeu o real valor de um o professor.
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